À PROCURA DE ADÃO

À PROCURA DE ADÃO

por Prof.GEO Artur Jorge Santos -
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Ir mais longe no estudo daquele que terá sido o primeiro Homem é o novo desafio da National Geographic Society. Com o apoio da IBM e da Waitt Family Foundation pretende-se ir mais longe no estudo dos nossos antepassados através da recolha de amostras de ADN de populações nativas. Perceber quem foi Adão e as rotas migratórias do Homem ancestral são algumas das questões deste projecto ambicioso.

Diz-se ser da natureza do Homem questionar sobre o mundo em seu redor. Não é por isso de admirar que as questões ganhem mais força quando se trata de descobrir as próprias origens.

A aventura não é recente. Há muito que se busca pelas respostas... Quem somos? De onde vimos?
A National Geographic lançou-se agora numa nova e ambiciosa iniciativa: o Genographic Project, que pretende chegar ao primeiro homem que deu início a toda a história humana.

Segundo nos relata Fabrício Santos, responsável pelo projecto na América do Sul, esta viagem começa em África:
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Quando se fala de ancestralidade africana, tem de se pensar numa ancestralidade de 100 mil anos atrás. Não é uma população que exista hoje; é uma população que existiu há 100 mil anos atrás e tem de se pensar num indivíduo, por exemplo Adão, cujo cromossoma Y passou para todos os descendentes que existem hoje. Todos os cromossomas Y de todo o planeta, eles voltam a um único pai ancestral, que era esse Adão, metafórico faz-se uma comparação com o cristianismo e nós podemos correlacionar essa história genética que é algo que nos é muito próximo que é a religião.

Coloca-se a questão: sendo todos filhos do mesmo pai, como é que hoje em dia o homem apresenta características tão distintas de povo para povo?

África significou o ponto de partida. Dali, o Homem seguiria para o resto do mundo. E seria esse o momento crucial na história da humanidade que marcaria para sempre a nossa diferença.

Imagine-se que a nossa pátria local, na África, era a floresta, onde vivem até hoje os chimpanzés, os gorilas, explica Fabrício Santos, e nessa pátria-mãe, nós tinhamos uma morfologia típica dali, mas quando emigramos para o deserto, para as montanhas, para climas frios da Europa, da Ásia, frios-secos, frios-húmidos, têm adaptações locais que são importantes para esses povos ocuparem e elas se fixaram em distintos pontos. Os esquimós, por exemplo, eles têm uma morfologia que dá para eles uma capacidade de ocupar aquelas geleiras porque é extremamente gelado e eles, por exemplo, não têm colesterol. E comem muita gordura animal. Porquê? Porque eles têm qualquer coisa no organismo deles que foi importante que se fixassem nessas populações. E essas variações acumulam por isso, porque ocupamos os mais diferentes pontos do planeta.
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Estas diferenças não significam, no entanto, que sejamos de raças diferentes: A genética tem demonstrado que não existe o que se chama de raça. Se a raça é algo que se remete a diferença biológica, essa diferença biológica não é tão grande assim na espécie humana. Nas outras espécies, em algumas delas existe raça. Na nossa espécie não existe. Somos uma única raça. Na verdade é uma única espécie cuja diferença é muito recente, ela foi acumulada só nos últimos 100 mil anos. Mas essa diferença é suficiente para se contar a história. Mas não suficiente para determinar grupos separados um do outro.

Durante cinco anos vão ser recolhidas entre 100 mil a 200 mil amostras de ADN em populações nativas de todos os cantos do mundo. As populações possibilitam um estudo mais detalhado. Quanto mais remotas e isoladas forem, menores serão as influências externas e, por isso, situam-se mais perto da génese humana.

Dezenas de cientistas, espalhados por dez centros, enviam a informação dos indivíduos colectados para a sede do projecto nos Estados Unidos.

O processo de análise do ADN é semelhante aos testes de paternidade, mas aqui quer-se ir mais longe e alcançar a história de milhares de gerações atrás.

Recolhem-se amostras de ADN dos homens e estuda-se o cromossoma Y. Ao contrário dos outros cromossomas, este permanece imutável ao longo de gerações. Sem esta característica seria praticamente impossível traçar o passado do Homem.

De acordo com Fabrício Santos, Portugal também oferece um bom laboratório genético, já que foi uma porta de expansão da população europeia ocidental: Vamos tentar ver, corroborar essas histórias com dados de ADN. O quanto influenciou aí a ocupação moura? O quanto teve de contribuição dos celtas antes de Cristo, que vieram aqui à Galicia, por exemplo? Qual o traço genético que deixou na população portuguesa? Se teve também alguma contribuição genética de neandertais ao Homem moderno - porque a história vigente diz que não teve, que neandertal era uma espécie separada, mas existem alguns dados de cientistas portugueses que disseram que o menino nasceu com características duplas de neandertal e homem moderno será que a genética pode mostrar isso? Até ao momento, a genética tem dito que não, mas analisando mais dados aqui em Portugal, quem sabe a gente chega mais próximo dessa verdade?

Para além da pesquisa científica, o público em geral também pode participar. Com uma simples amostra da saliva é possível identificar o passado genético. Na página de internet do projecto é possível encomendar um kit por cerca de 100 euros. Parte desse dinheiro reverte para a preservação das culturas indígenas.